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João Bacalhau e o mundo surreal


Há quem expresse a sua criatividade e emoções através das palavras ou da música, mas ele concretiza tudo isso na fotografia, recriando um mundo com as suas próprias mãos.

As perguntas de hoje foram respondidas pelo João Bacalhau, para quem a fotografia não é um simples click com golpes de sorte. É uma narrativa daquelas mesmo boas que merece ser contada, em que cada um de nós vê uma história interpretada pelos seus próprios olhos.  É um exercício de deixar a mente aberta e as ideias fluírem naturalmente.

Desde quando é que a fotografia faz parte da tua vida?
Foi em 2011 que comprei a minha primeira maquina fotográfica dslr. Na altura tinha alguns amigos que tinham a fotografia como hobbie e que registavam coisas do dia-a-dia. E foi por aí que eu comecei também. Mais voltado para fotografia de natureza, coisa que nunca parei até hoje.
Passado uns bons meses descobri uma entrevista de um fotografo da área conceptual. Depois disso descobri outros que passei a seguir num site chamado Flickr. Site esse, que na altura era (e talvez continue a ser), a plataforma mais utilizada por esse tipo de fotógrafos. Com a fotografia conceptual descobri uma nova forma de me expressar, visto que para mim nem sempre é fácil fazê-lo através de palavras. Desde aí tenho tentado encontrar o meu próprio estilo dentro do que é o conceptual. 

 

Como é o teu processo criativo?
Apesar de por vezes me inspirar com simples momentos da vida, o mais normal é passar horas e horas em sites como pinterest, behance, flickr, etc. No qual sigo inúmeras pessoas e artistas que partilham arte de todo o tipo. Após ter uma ideia definida na minha mente, inspirada por alguma imagem que vi,  tento a desenhar num caderno de ideias que tenho. A ideia acaba por ficar um pouco perdida no caderno a espera que eu volte a olhar e perceber se realmente me identifico com ela e quem sabe acrescentar/retirar algum detalhe. Embora haja sempre as ideias que não aguento muito tempo sem as fazer... Depois é pensar no local ideal, escolher roupa/adereços e escolher o modelo (que quase sempre sou eu devido a minha timidez) Gosto de fazer auto-retrato pelo simples motivo de, por vezes, ser complicado explicar o que realmente quero. E caso algo correr mal sei que é porque não consigo, e não porque não fui capaz de explicar como deveria a alguém. Por fim, é tirar as fotos e caso goste do resultado monto com a ajuda de programas de edição. Por vezes, gosto de deixar as fotos finais perdidas no computador e voltar a olhar para elas mais tarde. Demasiado tempo a editar as fotos não é, de todo, bom para que o gosto pelo resultado final cresça. 

 

Quais as ferramentas que usas para a manipulação das tuas fotos e como aprendeste a trabalhar com elas?
Uso o Adobe Lightroom e o Adobe Photoshop. Aprendi a trabalhar neles sozinho. Defendo que a melhor maneira para se aprender alguma coisa é por nós próprios. Claro que nem sempre é possível, mas quando o é a aprendizagem fica mais enraizada, na minha opinião. Por vezes aprendo coisas novas que me fazem pensar: “A sério que andei este tempo todo a fazer isto da maneira mais difícil?”. Mas enfim… acho que faz parte! 

Porquê o mundo surreal?
Bem, quem conhece as minhas fotos mais antigas sabe que eu nem sempre tive um estilo muito surreal. Foi algo que foi nascendo aos poucos e que pretendo manter. Acho que qualquer arte deve ser de significado relativo. Pois cada pessoa pensa de diferente forma e irá interpretar da sua própria maneira. É o mundo surreal que faz com que as pessoas façam um esforço maior para pensar no significado. É incrível observar as imensas possibilidades de significados que uma imagem surreal pode ter, porque quase sempre não são conceitos muito directos


 

Em que te inspiras para fotografar?
Talvez o mais lógico fosse eu me inspirar em outros fotógrafos, mas na verdade não. A minhas inspirações vem maioritariamente de ilustração e pintura, pois é nelas que não existe limites. Não é necessária a preocupação pelo que pode ou não ser real, e isso é algo que procuro também nas minhas fotografias. Deixo aqui alguns nomes de alguns artistas que admiro muito:  Duy Huynh, Rustam QBic, Craig Frazier, Julien "Seth" Malland, Gürbüz Doğan e o enorme René Magritte.

Com que fotógrafos mais te identificas?
É uma escolha difícil. Talvez fotógrafos como Oleg Oprisco, Anka Zhuravleva, Alex Timmermans, Rodney Smith e Robert and Shana Parkeharrison. Não porque ache que tenho um estilo semelhante com o deles, mas porque gostava de ser uma junção deles. Se me pedissem para reduzir a lista provavelmente não iria conseguir, acho todos únicos e diferentes. 


 

Com que outros hobbies ocupas o teu tempo?
Gosto de sair de casa com a minha fiel amiga de 4 patas e a maquina fotográfica em busca da detalhes da natureza (detalhes esses que partilho na minha conta do instagram). Nasci num ambiente rodeado de natureza e sou incapaz de estar longe dela durante muito tempo. E é bom estar longe de tudo e todos e tentar quebrar a rotina, nem que seja por pouco tempo. Por outro lado amo aventurar-me em conjunto com os fotógrafos, principalmente se forem também da área conceptual. Porque são as melhores pessoas para perceber as minhas ideias e não se importam de encher o corpo cheio de tinta para fazer de modelo numa foto (exemplo exagerado talvez), mesmo que isso implique estarem meia hora a lavar a cara. Além disso sou também um amante de vídeo e design, estando sempre a tentar aprender mais sobre esses dois mundos. E claro, as coisas mais normais da vida, conviver com os amigos, ver filmes/series e ouvir MUITA MUITA musica.  

Que livro andaria sempre contigo?
Livros não fazem de todo parte do meu dia a dia . Foram poucos os livros que li na vida e nenhum deles me cativou o suficiente. Mas, para não deixar a resposta sem conteúdo algum, digo que andaria sempre com o meu caderno de ideias (pode ser considerado um livro não?). Gosto de desenhar o que penso na hora, mesmo que considere a ideia não muito boa. Afinal de uma má ideia pode sempre surgir uma óptima ideia!  

Que filme verias vezes sem conta?
Pergunta complicada…. Entre filmes de ficção cientifica, acção, suspense e aventura, nunca soube dizer qual é o meu favorito. Na verdade acho que não tenho, mas um dos que mais gosto é com certeza o famoso Inception. Talvez por girar em torno daquilo que eu acho que é o maior motivador das pessoas: os sonhos.

Numa palavra como definirias o trabalho de um fotografo?
Eterno. São eles que têm a maior capacidade de congelar momentos e reactivar memórias.

Todas as fotografias deste post são da autoria do João sendo que podem ver estas e muitas mais espalhadas pelas suas contas nas redes sociais como instagram, facebook e f
lickr.

8 comentários

  1. Adorei!
    O trabalho do João é uma verdadeira inspiração e a entrevista está muito interessante :D

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  2. Oh uaaaau! O trabalho do João é fantástico - literalemente! Que bom post!

    Jiji

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    1. Obrigada Joana! Aconselho-te a seguires o trabalho do João, vale a pena :)

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  3. Muito, Muito, Muito Bom :) Parabéns ao João pela sua criatividade e pelo seu talento a ti por o teres partilhado conosco! Já ganhou mais uma seguidora :)

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    1. Obrigada Catarina! Segue o trabalho do João que vale bem a pena :)

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  4. Simplesmente fantástica estas fotos,de uma grande criatividade! Parabéns ao João! ♥
    xoxo, Sofia Pinto
    LAST POST ♥

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  5. Julgo que já me tinha deparado com o trabalho do João, algures através da internet - provavelmente Facebook. Adoro! É surrealismo puro, mas de uma forma super original. É uma forma totalmente diferente (e muito pouco ortodoxa) de utilizar a fotografia para fazer arte, gosto mesmo.

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