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Uma Joana de papel e lápis na mão


O trabalho da Joana foi, sem dúvida, uma agradável descoberta do final do ano passado. Desde colagens a bordados, passando pelos insubstituíveis lápis e pincéis que percorrem as suas ilustrações, - tudo o que faz transborda criatividade e uma enorme vontade de aprender e fazer mais.

No talks de hoje, Uma Joana.


O que é que te influenciou a seguir o caminho da ilustração?
Acho que nunca tive o momento “plim!” em que soube que era a ilustração que me fazia feliz, mas fui caminhando para isso sem nunca me aperceber bem. Quando era pequena queria ser “treinadora de golfinhos”. Quando percebi que essa não era uma profissão tão fácil como seria expectável, resolvi alterar a nomenclatura para “bióloga marinha”. Depois disso apaixonei-me por vestidos e achei que design de moda é que era (chamava-lhe só “estilista”). Passei por ponderar arquitectura, design, e acabei em pintura a desejar poder ilustrar 24/7. Entre tudo isto desenhei sempre, por isso acho que “o meu fim” sempre foi óbvio para toda a gente, menos para mim.

Quais os materiais que não podem faltar na tua mesa de trabalho?
Desenvolvi recentemente uma obsessão pouco saudável com cactos e suculentas, que sempre gostei de desenhar e resolvi incorporar no ambiente de trabalho, tanto para referência como para companhia.
Também deve haver, sempre, um q.b. de melancolia, de estar triste, de serenidade. Pode parecer deprimente, mas é a melhor receita para que consiga produzir com sentido e com sentir.
Quanto a materiais sou muito aborrecida: lápis de grafite e papel são mais que suficientes para mim, pelo menos para desenvolver ideias. Trabalho-as muito a riscar, a andar às voltas com o lápis, a dançar muito com ele.
Ao mesmo tempo, gouaches, aguarelas e vários pincéis são um amor que não perco. 



Se tivesses de ilustrar, numa série de várias representações, uma personalidade à tua escolha qual seria e porquê?
Louise Bourgeois, porque além de gostar muito do trabalho que desenvolveu, em termos de vida e obra teria pano para mangas sem nunca me aborrecer.

Em outubro do ano passado participaste no desafio #inktober. Em que consiste e como descreverias a tua experiência nele? 
O #inktober é um desafio lançado online há cerca de 8 anos pelo ilustrador Jake Parker, como forma de melhorar o domínio de meios líquidos (tinta, em particular), e desde então tornou-se em algo a que milhares de artistas aderem com o objectivo de a) abraçar um médium com os quais não se sintam tão à vontade e b) criar o compromisso de apresentar uma ilustração finalizada por dia.
Pareceu-me fazer todo o sentido aderir, porque tendo a pensar e questionar-me muito acerca do que faço e a produzir muito pouco, por todas essas dúvidas. Simultaneamente, sempre fugi de tintas como o “diabo da cruz”, por serem tão definitivas, por não permitirem apagar e porque achava que eram demasiado sérias para mim – e enganei-me redondamente.
O desafio foi muito interessante e senti as recompensas todos os dias. Além de sentir muito prazer a explorar novas formas de criação da imagem, fiquei feliz por perceber que nada era tão dramático como imaginava, e que mesmo os erros podem originar situações graficamente muito interessantes. Além disso, num mês aumentei exponencialmente o meu volume de trabalho, por isso acho que devia fazer “inktobers” o ano inteiro.



Em que tipo de projectos novos gostavas de embarcar num futuro próximo?
Adoro ilustração editorial. Adoro papel, livros, sentir as coisas nas mãos e nos olhos, cheirá-las e tê-las perto. Gostava muito de poder participar na elaboração de um álbum ilustrado, por exemplo, mas não exclusivamente.
Por outro lado seria incrível poder incorporar um grupo de trabalho com outros ilustradores, para um projecto experimental como zines, dinamização cultural através da intervenção em espaços, etc. 
Tenho muita vontade de fazer “coisas” mas o isolamento que frequentemente vezes faz parte do processo de ilustrar corta-me um bocadinho as asas. (Pessoínhas com vontades semelhantes, estejam à vontade para se acusar.)

Com que hobbies ocupas o teu tempo?
Mais uma vez, plantas. Adoro tarefas que se associam habitualmente a senhoras de idade. Gosto de namorar as minhas suculentas, de bordar, de ver séries com a minha gata ao colo, essas coisas. E de desenhar – porque a verdade é que ilustrar é um hobby por si só, e raramente o vejo como obrigação.



Que livro andaria sempre contigo?
Whatever you think, think the opposite, de Paul Arden. Nem precisava de o abrir, só de ler a capa em momentos críticos do dia, para deixar de pensar tanto nas coisas e simplesmente fazer. 

Que filme verias vezes sem conta?
Estou às voltas com esta pergunta há que tempos sem saber o que responder. Gosto de demasiadas coisas, desde os filmes do Wong Kar-Wai, até a tudo do Studio Laika. O meu espectro é tão amplo e eu gosto tanto de tudo que não consigo escolher (tenho um amor muito especial e estranho pelo Tekkon Kinkreet, mas não sei se é o meu favorito. Acho que não me conheço assim tão bem.)



Numa palavra como definirias o trabalho de um ilustrador?
Amor. Antes de tudo o resto é um trabalho de amor. Depois disso é dedicação, persistência, trabalho, e nunca estar satisfeito ou acomodado. 

Se estiverem curiosos para saber mais podem acompanhar a Joana no facebook, instagram e behance.




Imagens cedidas pela artista.

19 comentários

  1. Adorei conhecer a Joana! Que ilustrações tão bonitas. Beijinho

    thebrunettetofu.blogspot.pt

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  2. Não conhecia as ilustrações da Joana. Gostei imenso do trabalho dela e da entrevista. Adorei saber como desenvolve o trabalho e as suas inspirações 😃

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  3. Conheço o trabalho da Joana há pouco mais de umas semanas, mas tenho adorado ver o trabalho dela!

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  4. Gostei do trabalho e das ilustrações da Joana, adorei a entervista :)

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  5. Gosto imenso do trabalho da Joana... muito inspirado e inspirador!

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  6. Adorei o trabalho uma entrevista fantástica

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  7. Gostei muito das ilustrações da Joana.

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  8. Não conhecia este trabalho e acho muito bonito, Parabéns Joana!

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  9. Já seguia a Joana pelo Facebook e adoro o trabalho dela, mas o que mais gostei no meio desta entrevista foi mesmo o espírito de senhora velhinha no que toca a hobbies. Também adoro plantas e passar tempo a fazer crochet com o gato ao colo :)

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  10. Adoro ilustração e gostei muito de conhecer o trabalho da Joana :)

    A minha parte favorita... a frase "“o meu fim” sempre foi óbvio para toda a gente, menos para mim."!

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  11. Já tenho três ilustrações da Joana nas paredes da minha casa. São lindas ❤️

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  12. "Amor. Antes de tudo o resto é um trabalho de amor." - esta é a minha parte favorita da entrevista, pois é algo que se nota em cada ilustração, em cada detalhe!
    Não conhecia o trabalho da Joana, mas fiquei a adorar 💕

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  13. Como adoraria ser ilustradora, mas realmente não tenho jeito para desenhar, acho que me falta muito pensamento cognitivo e abstracto, não consigo sair do óbvio :P
    Tal como tu também adoro actividades de velhotas como coser à máquina, aliás até tenho uma piada com uma amiga minha americana que somos as grannies porque estamos sempre a fazer coisas de velhota hehe

    Viver a Viajar

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  14. Gostei muito da entrevista: transpôs para palavras todo o amor que a Joana tem pela criação artística. E as sua criações são extremamente interessantes e bonitas!

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  15. Gostei de conhecer um pouco mais a Joana e de como vê e sente o mundo da ilustração e ainda de saber como foi ter participado no desafio #inktober e de como mudou a forma de ver e lidar com as tintas, tirando o maior partido desse desafio e tornando-o numa paixão.

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  16. Relaciono-me imenso com os hobbies :P Especialmente com o gato ao colo, há algo de terapêutico em ter um bigodudo a dormir em cima de nós :D

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  17. Uma entrevista muito bem conseguida! Também gosto de suculentas e gatos! :)

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  18. gostei muito do blog,está simples bonito e com bastantes explicações

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  19. Gostei muito de conhecer o trabalho da Joana.

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