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As cores dos dias felizes com a Atmosphere


Captar a essência de momentos felizes é uma das coisas que fazem melhor a Sandra e o Miguel da Atmosphere. Nas suas fotografias podemos sempre encontrar a elegância e a delicadeza de ambientes bonitos e luminosos, com um foco muito especial nas histórias dos protagonistas de cada enquadramento, e hoje vão estar aqui no It's Ok para falar um pouco mais do seu trabalho.


Quando surgiu a vossa paixão pela fotografia e como é que se tornou algo mais sério para os dois?
Para o Miguel foi algo que surgiu desde muito cedo, através do cinema. O Miguel sempre foi um verdadeiro cinéfilo, durante muitos anos via vários filmes por dia. Quando começámos a namorar o Miguel ia ter a minha casa a pé ou de bicicleta e levava uma máquina de filmar. Ia filmando o seu percurso, as situações que se desenrolavam à sua frente… Daí surgiu o interesse pela fotografia, trocou de câmeras e continuou a fazê-lo, agora com uma câmera fotográfica. Nunca mais parou de fotografar, já lá vão uns 15 anos. O meu (Sandra) interesse deve-se a esta convivência diária com a paixão do Miguel. Confesso que durante muitos anos observava apenas o trabalho dele mas continuava focada no cinema. Na minha licenciatura estudei cinema (teoria) e não compreendia bem de que forma as imagens ‘paradas’ podiam adicionar algo às imagens em movimento. Mas o Miguel foi, sem eu dar por isso, mudando a minha perspectiva, sempre a mostrar-me o trabalho de outros fotógrafos e a explicar as questões técnicas (demorou bastante tempo até eu prestar atenção a esta parte).

Entretanto o Miguel trabalhou como fotógrafo em reportagens, eventos e casamentos. Na área dos casamentos trabalhava com outros profissionais até ao ponto em que eu me apaixonei verdadeiramente por esta área. Pesquisava imenso e fui sendo seduzida por este mundo até que decidimos que seria excelente trabalhar juntos a fazer algo que, finalmente, os dois adoramos. Esta aventura a dois é mais ou menos recente porque tive (e tenho) de aprender muito, mas tive o melhor mentor que podia desejar, o Miguel.


Quais são as vossas maiores inspirações no universo da fotografia?
As primeiras inspirações, aquelas que estão lá inconscientemente, são cinematográficas. Para o Miguel talvez mais o trabalho de Stanley Kubrick e para mim o Andrey Tarkovsky. Na fotografia, sempre nos deixámos inspirar pelo retrato e pela fotografia de moda. Nesta área Jeanloup Sieff, Richard Avedon, Annie Leibowitz, Jo Schwab são referências para nós.
Na fotografia documental são o Andreas Gursky, Martin Parr, Elliott Erwitt, Constantine Manos,
Brassai, Robert Capa, Robert Doisneau e Jonas Bendiksen.
Na fotografia de casamento somos sempre inspirados pelo trabalho de Greg Finck, BrancoPrata e Erich McVey.

Grande parte do vosso trabalho passa por registar momentos com uma enorme carga sentimental como, por exemplo, casamentos. Têm alguma rotina de preparação? Como lidam com possíveis imprevistos?
Sim, é inevitável. Desde logo porque temos de preparar todo o material que vamos utilizar: câmeras, cartões, baterias, flashes, computador… Mas também preparamos sempre o dia e tentamos imaginar como vai ser. Cada casamento é único e nós respeitamos muito isso. Cada casal tem a sua história, as suas personalidades e gostos pessoais. Gostamos de nos preparar em relação ao casal. Fazemos sempre uma revisão do tipo de imagens, situações e abordagens que melhor reflectem o casal. É muito importante que o nosso registo seja autêntico, ainda que tenha a nossa ‘marca’ pessoal, o nosso olhar. Para isso é muito importante toda a relação que vamos estabelecendo ao longo dos meses que antecedem o casamento, assim como a sessão de noivado. Permite-nos prever situações e melhor lidar com elas, mas acima de tudo ajuda-nos a estabelecer uma relação de confiança e respeito no dia com os noivos. Talvez por isso não temos nenhum episódio marcante de imprevistos. Preparamo-nos bem antes do dia, são meses de preparação (toda a comunicação em que ficamos amigos do casal, são pesquisas e visitas sobre o local, são questões que vamos apresentando), que faz com que antecipemos os imprevistos. Não quer dizer, claro, que não venha a acontecer algo que nos foge completamente do controlo, mas até agora não.


O que é que consideram ser o melhor de trabalhar em equipa?
A partilha, o companheirismo e a ajuda mútua. Trabalhar em conjunto faz com que queiramos ser ainda melhores porque somos responsáveis não só pelo nosso trabalho mas pelo do outro, também. Aprendemos muito um com o outro e a nossa cumplicidade é fortalecida. Penso que é algo que transmitimos aos nossos casais: a alegria de trabalharmos juntos, a segurança que isso nos proporciona e a cumplicidade de décadas em conjunto.

Quais foram até agora os locais que adoraram e que escolheriam para fotografar lá mais vezes se fosse possível?
Sinceramente, não temos um local favorito. Será sempre o próximo porque é surpresa e porque adoramos conhecer novos espaços. Mas há uma sessão de que gostamos muito porque foi um desafio que lançámos aos noivos e eles aceitaram prontamente. É um Sessão de Noivado que fotografámos no quarto do casal de forma a espelhar a sua cumplicidade e intimidade. Penso que resultou muito bem, o facto de ser em casa ajuda a ficarem super à vontade e acaba por ser um registo muito verdadeiro. Mas nós gostamos de todas as situações, desde ambientes mais naturais até aos mais urbanos; desde o espaço mais luxuoso ao mais minimal. O que nos interessa realmente é o casal e as suas personalidades, conseguir que as fotografias reflictam de forma genuína a sua relação.


Um dos momentos mais felizes do percurso da Atmosphere foi a publicação do vosso trabalho na Magnolia Rouge. Como é que tudo isso aconteceu e que coisas boas vos trouxe?
Sim, foi um momento muito bom para nós! Ver o nosso trabalho reconhecido numa das mais prestigiadas publicações de casamento é realmente uma sensação muito boa. E o curioso é que aconteceu quase por acaso, sem estarmos a contar. Tudo começou mesmo nos primeiros tempos da nossa conta do Instagram, a Tara da “A Day in Provence” (uma empresa de design floral dos Estados Unidos e que não conhecíamos até então) contactou-nos através do Instagram a dizer que vinha a Portugal e que gostava de fazer um styled shoot pelas ruas de Lisboa. Convidou-nos para fotografar a sessão e nós nem queríamos acreditar! Foi um dia fantástico, a Tara e o seu trabalho são fenomenais, só por isso já valeu a pena. Quando a Tara nos deu a novidade que as fotografias tinham sido seleccionadas para publicação no Magnolia Rouge foi a cereja no topo do bolo.

Foi uma experiência excelente, em primeiro lugar pela oportunidade de trabalhar com excelentes fornecedores como a Tara e a Pureza de Mello Breyner, e em segundo, claro, pela exposição e reconhecimento. É claro que ser publicado no Magnolia Rouge é como um selo de qualidade e isso deu-nos mais confiança em nós e, acreditamos, que as pessoas que nos seguem também sentiram isso mesmo, que, de alguma forma, podiam confiar no nosso trabalho. É inacreditável o poder e as possibilidades das redes sociais, principalmente do Instagram.


Com que hobbies ocupam o vosso tempo?
A verdade é que já não temos muito tempo para hobbies mas há actividades “sagradas” no nosso dia-a-dia: ver filmes e séries ao fim do dia com o Gabriel, o nosso filho; ouvir música enquanto trabalhamos e ler todos os dias antes de adormecer. Não há um dia na nossa vida em que não façamos estas três coisas.

Que livros andariam sempre convosco?
Não conseguimos eleger um livro para andar sempre connosco. São muitos e a nossa escolha varia consoante os contextos em que nos encontramos. Mas há autores que nos marcam sempre porque nos acompanham desde sempre: Dostoyevsky, Samuel Beckett, Herman Hesse, John Fante, Don DeLillo, Henry Miller, Walt Whitman… De alguma forma todos estes autores procuram a essência do sujeito e a beleza do quotidiano, do real. Nesse sentido, são autores muito fotográficos.


Que filmes veriam vezes sem conta?
Todos os de Stanley Kubrick e de Andrey Tarkovsky. São dois cineastas que, para nós, transcendem o próprio meio do cinema. São artistas com uma linguagem transversal mas própria. Também as suas obras exploram a condição do ser humano tornando-a bela. O ser humano não é perfeito mas é belo nessa imperfeição. E isso é a nossa maior inspiração: encontrar, não fabricar, a beleza dos sujeitos e das situações.

Numa palavra como definiriam o trabalho de um fotógrafo?
Sandra: Procura
Miguel: Equilíbrio

Podem acompanhar todas as novidades através do blog, facebook e instagram da Atmosphere.

1 comentário

  1. Que imagens lindas! Adoro a leveza e a energia que transmitem, tal como as palavras da equipa.

    Jiji

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