Com tecnologia do Blogger.

As histórias ilustradas da Joana Estrela

O mundo desenhado pela Joana Estrela contém narrativas em cada traço. Tanto nas ilustrações de um só desenho como nos seus quadradinhos de banda desenhada podemos ver expressividade e personagens cheias de vida, algumas delas influenciadas pelas suas próprias experiências pessoais e profissionais durante a sua elaboração.

Quando começaste a desenhar e quando é que percebeste que a ilustração era algo que gostavas de seguir a nível profissional?
Eu sempre desenhei e escrevi muito, desde que me lembro. Quando era mais nova tinha imensos projetos para livros, desenhava retratos, fazia poemas, tinha um blog... Mesmo que não viesse a fazer nada disso profissionalmente, ia ser sempre uma parte das coisas que faço para me divertir.
Não sei em que ponto é que decidi conscientemente que queria ser ilustradora profissional. Acho que foi um bocado como tornar-me uma pessoa adulta: Pareceu-me mais ou menos inevitável e não foi tanto uma mudança de um dia para o outro mas mais uma coleção de pequenos avanços.


Dos materiais riscadores aos suportes, quais são os que utilizas no teu trabalho?
Nada muito especial. Uso lápis de grafite ou minas. E um papel branco que compro avulso na papelaria, não sei como é que se chama. Também uso uma mesa de luz e um computador!


Propaganda, Vestidos do Tiago e Hoje Não Janto Rissóis são alguns dos livros que criaste e ilustraste. O que têm em comum e qual a história de cada um deles?

O Hoje Não Janto Rissóis foi um trabalho da faculdade, muito parvinho, cheio de piadas sobre os meus amigos. Foi dos trabalhos mais divertidos que já fiz lembro-me de o estar a desenhar e rir imenso sozinha. Foi feito em guache, e na semana antes da entrega deixei cair um copo de água em cima dos trabalhos finais. Há pouca coisas mais deprimentes que teres 20 anos e acordares os teus pais, às 4 da manhã, a chorar coberta de água de pincéis.

O Vestidos do Tiago foi feito para participar num concurso para livros infantis sobre temas LGBT. Na altura resolvi escrever sobre género, e fiz um livro muito simples que é só sobre um rapaz que gosta de usar vestidos e ninguém se incomoda muito com isso.

O Propaganda foi uma espécie de diário gráfico de um ano que estive na Lituânia a fazer voluntariado numa associação LGBT. Foi o único destes três que foi publicado por outras pessoas: o Luís e a Ana da Plana. 




Por vezes realizas trabalhos em que és simultaneamente designer e ilustradora. Consideras que responder a esse tipo de pedidos de clientes é mais ou menos limitador a nível criativo?
A maior parte destas coisas são feitas para mim ou para amigos, por isso não se põe muito a questão de liberdade criativa, por norma tenho até demasiada. Mas em relação a fazer design e ilustração ao mesmo tempo, a maior parte das vezes eu não penso nos dois como separados. Muitas vezes tenho de decidir sobre a impressão, o tipo de letra, formato, a composição... no fundo isso são tudo decisões de design.



Se tivesses de estabelecer uma parceria com outros ilustradores, com quais gostavas de trabalhar?
ahahah Boa pergunta! Acho que depende que tipo de parceria é. Já fiz algumas coisas com outros ilustradores, de uma forma ou de outra. Mais recentemente tenho organizado encontros de Drink&Draw com o Nicolau, e ando a escrever um guião para uma curta de animação que a Marta Monteiro vai desenhar. Mas nunca fiz um trabalho de ilustração colaborativo. Não é que não haja imensa gente simpática e talentosa nesta área, porque há, mas eu tenho mesmo pouca prática a trabalhar em equipa. Tinha de ser alguém com a mesma ética de trabalho que a minha, a quem posso dizer tudo o que penso, e de quem respeito muito a opinião. E pessoas assim são raras.

Consideras as redes sociais e os media uma ferramenta importante para os ilustradores obterem encomendas ou serem contactados para novos projetos?
Sim e não! É uma maneira boa de dares a conhecer o teu trabalho e de te juntares a uma rede de pessoas que gostam do mesmo que tu.
Mas na minha experiência as melhores oportunidades, e as melhores pessoas, surgiram porque fui falar a sítios, visitei exposições, enviei trabalhos por correio e me sentei em festivais a vender livros. Às vezes tenho medo de ficar demasiado distraída e satisfeita com likes e followers e me esquecer da importância dessa outra parte. 


 

Com que hobbies ocupas o teu tempo?
Danço lindyhop! 
Ocasionalmente arranjo alguma coisa com que fico obcecada e todo o meu tempo livre vai para isso. Houve uma altura que foi aprender truques com um hula hoop, houve outra em que foi ler tudo da Jane Austen, depois veio o tricot… Ultimamente o "hobby" têm sido as eleições americanas. Ouço podcasts, vejo os debates, acompanho as estatísticas, as estratégias das campanhas… acho que deve ser isto que as pessoas que gostam de futebol sentem!

Que livro andaria sempre contigo?
The Chairs Are Where The People Go, de Misha Glouberman e Sheila Heti.
Porque é um livro sobre tudo. Desde deixar de fumar, a dicas para sermos melhores a charadas. É escrito como se fosse falado e cheio de frases que quero sublinhar e reler.

Que filme verias vezes sem conta?
Nenhum que não me sinta embaraçada em admitir.

Numa palavra como definirias o trabalho de um ilustrador?
Vou escolher um emoticon em vez de uma palavra: ✏


Podem acompanhar todas as novidades do trabalho da Joana através do facebook, instagram e website.


Todas as imagens deste post foram cedidas e seleccionadas pela Joana.

1 comentário

  1. eu não conhecia essa ilustradora, amei os traços dela. E bem simples e delicado o que nos traz a sensação de ternura

    Com carinho, Hina | Aishiteru em Contos |

    ResponderEliminar