Com tecnologia do Blogger.

Traços, gatos e vidas do avesso pela Lara Luís


Predominantemente a preto e branco, Lara Luís, leva-nos muitas vezes ao melancólico, mas divertido quotidiano. 
Relações, vidas do avesso, chatices daquelas que incomodam mesmo (principalmente nos "dias não"), felinos simpáticos e intrometidos...nada disto fica de fora das histórias ilustradas que a artista nos apresenta. Mais do que uma crítica ou desabafo, podemos encontrar nas suas ilustrações uma forma de relativizar as pequenas coisas aborrecidas da vida e rir, rir bem alto.
As tuas ilustrações apresentam um traço muito próprio e pode dizer-se que rapidamente identificamos o que é feito por ti. Sentes que a criação dessa identidade era algo essencial no teu trabalho? Que inspirações seguiste e como chegaste ao resultado visual actual?
Não foi algo pensado. Não foi algo com que eu me tivesse preocupado desde muito cedo... Nunca me sentei à frente de uma secretária, com uma folha à frente e pensei “Ora vamos lá criar aqui qualquer coisa espetacular, jamais vista e super original!”, iria ser só frustrante.
Sempre fui fiel ao que me ia aparecendo nos sketchbooks, foi um processo de exploração. Tudo é proveniente de uma junção da nossa cultura visual, gostos e experiências. Claro que quando comecei a pensar nisto da ilustração mais seriamente, comecei a inspirar-me e a admirar o trabalho de muitos artistas, sempre curiosa em perceber o seu processo e também evolução. Nessa altura comprava muitos livros de ilustração infantil, adoro os ilustradores do Planeta Tangerina, João Fazenda, André Letria, Marta Monteiro, André da Loba... Foram todos pessoas muito importantes e com linguagens muito próprias que me deixaram com a vontade de um dia estar ao lado deles numa prateleira de uma livraria qualquer.
Acho que a identidade visual de uma criação tem a ver com a criatura também, e vai evoluindo e sofrendo alterações assim como o próprio artista. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. Os meus desenhos mudaram muito desde há uns anos para cá. Contudo, durante essa trajetória fico feliz por continuar a por cá fora um trabalho que continue facilmente identificado enquanto meu. Para mim, é essencial no sentido em que faz com que as pessoas procurem o meu trabalho em particular, porque o conhecem, porque sabem o que eu faço e quando toca a clientes, sabem com o que podem contar. Sempre achei importante um artista ter uma linguagem própria para se diferenciar e para alcançar o lugar que seja neste campo artístico, contudo, não ficar para sempre preso no mesmo universo.


Quais os materiais que não dispensas no teu espaço de trabalho?
O computador obviamente. A minha agenda, o meu sketchbook, o meu outro sketchbook, os meus inúmeros porta-lápis cheios de canetas, lápis, marcadores, etc. Papel. É o básico. E ah, quando é preciso: café.

No teu processo criativo, quais as principais diferenças entre uma ilustração para um suporte de pequenas dimensões e uma com a finalidade de aplicação na rua?
O processo criativo é o mesmo, a principal diferença é que quando estou em casa a pintar não estou preocupada em ser apanhada pela policia : )
Muitas das ilustrações que vais publicando nas redes sociais surgem quase em modo de desabafo ou sátira à sociedade ou aos seus comportamentos. A ilustração é para ti uma forma de expressão?
Obviamente, e tendo o meu trabalho uma componente autobiográfica muito forte, mais ainda. Embora também fabrique situações e use as minhas personagens em argumentos totalmente distanciados da minha realidade. Não uso as redes sociais para excomungar os meus demónios nesse sentido, até porque acho que nem sempre tenho coisas assim tão pertinentes a dizer, mas acho piada quando o publico se identifica. 

Se tivesses de escolher um dos projectos que mais gostaste de fazer qual seria?
Gostei muito de realizar a minha exposição a solo em Lisboa, a “Panic Attack”. Os trabalhos que fiz para lá foram muito importantes para mim porque já não produzia originais há muito tempo e foi como um regresso e um ponto de viragem na minha carreira, porque na altura ultrapassei a dificuldade que tinha em fazer exposições e foi uma altura de esperança. Lembro-me sempre dos dias passados lá a fazer essa exposição com muito carinho: )


Fazes parte dos artistas da Circus. Em que é que a presença lá te influenciou profissionalmente até agora?
Fazer parte da Circus, foi para mim uma das coisas mais significantes da minha vida profissional e não só. 
É surpreendente a quantidade de coisas que o André e a Muska já me puseram a fazer, mesmo quando duvidava das minhas capacidade, lá fui eu incentivada a pintar murais, pranchas de longboard, organizar um festival, etc... Conheci uma data de gente talentosa por fazer parte do projecto e já tive a oportunidade de trabalhar em conjunto com alguns desses artistas que tanto admirava. Sinto-me mesmo com sorte de trabalhar e ser amiga de pessoas como eles, são uma grande inspiração para mim e uma influencia directa. São aquele tipo de pessoas que diz que faz, e faz mesmo! Gosto de me rodear de gente assim, a motivação deles é a minha maior influência. Vi-os a construir uma marca, uma agência, uma loja, mais recentemente uma revista.. E ideias não lhes faltam. Eu vou estando por perto para ajudar no que for preciso.

Neste momento em que projectos estás a trabalhar?
Estou a trabalhar em projectos pessoais desde comics, merch (novos produtos que saíram brevemente), commissions, obras para exposições, paredes, etc. 

Com que hobbies ocupas o teu tempo?
Como passo muito tempo fechada em casa a trabalhar, o que gosto mais de fazer é mesmo sair. Apanhar ar! Gosto de ir passear, se possível conhecer sítios novos, tirar fotografias, beber um copo, estar com amigos... E se o dia terminar com um concerto, melhor : ) 

Que livro andaria sempre contigo?
It’s not how good you are, it’s how good you want to be do Paul Arden. 
É pequeno, é ideal para transportar, e tem a dose certa de motivação necessária.

Que filme verias vezes sem conta?
Acho que não passa um ano sem rever grande parte dos clássicos da Disney.
São intemporais, são a minha infância. Adoro sentir o calorzinho no peito quando canto as músicas... Além disso continuam a ser a época dourada da animação.

Numa palavra como definirias o trabalho de um ilustrador?
Eu considero que o trabalho de um ilustrador é a sua própria voz, é com essa voz que ele passa a mensagem que lhe pedem ou a que ele próprio quer transmitir, é o seu tom, é a sua marca.

Para acompanharem todas as novidades da Lara podem seguir a página de facebook, instragram, tumblr, behance e, claro, a sua lojinha online.


Imagens disponibilizadas pela artista.

3 comentários

  1. Adorei o post!
    Segui o blog ;)
    Beijinhos, sucesso!

    www.cappuccinodeavela.blogspot.com

    ResponderEliminar
  2. Oh, não conhecia! Adorei mesmo as ilustrações, já vou investigar mais sobre ela :)

    beijinho

    thebrunettetofu.blogspot.pt

    ResponderEliminar
  3. Não conhecia o trabalho da Lara. Gostei!

    ResponderEliminar