A ideia colorida da Bárbara R.

Com um registo repleto de expressividade e uma variedade enorme de materiais e técnicas, a Bárbara R., dedica-se ao design e à ilustração. Na entrevista de hoje, vão poder ler um pouco sobre ela e o seu trabalho.

O que é para ti a criatividade e quando é que começaste a pensar nela de uma forma mais profissional?

A criatividade é um termo um pouco complicado de explicar. Para mim, é uma ideia criada a partir da interação entre o pensamento/sensibilidade de alguém e o seu contexto sócio-cultural e que, por sua vez, pode ser representada de várias e novas formas. No fundo, acho que é uma ideia colorida.

Acho que comecei a pensar na criatividade de uma forma mais profissional quando estava no secundário e comecei a direccionar as minhas ideias para um panorama mais útil e funcional. Tive uma professora de Design incrível que nos incentivou sempre a pensar, criar e a produzir conteúdos que se adaptassem a uma função e a um propósito! Foi uma base essencial na construção do meu percurso profissional.

Design ou Ilustração. Qual dos dois ocupa mais tempo dos teus dias de trabalho?

Depende das alturas. Neste momento acho que é 50/50 o que é óptimo porque são duas áreas que adoro e que para mim são complementares. Às vezes não sei onde começa uma e acaba a outra.

O que gostas mais de desenhar e quais são as tuas técnicas e materiais favoritos?

Gosto de desenhar tudo que não seja desenho realista -costumo dizer que o mundo já é realista que chegue. O que gosto é de transformar a realidade noutras coisas e noutras cores. De imaginar outras formas e perspectivas das coisas.

Gosto muito de experimentar novos materiais e técnicas. No fundo gosto de explorar os materiais e por isso trabalho com vários (depende do tema, do projecto, do cliente…) Aprendi com o design que devemos ter uma linguagem e saber adaptá-la ao contexto, ao cliente e ao projecto em si.

Como é que nasceu O Sol da Sra. Azul?

O Sol da Sra. Azul nasceu num workshop de ilustração com a Madalena Matoso do Planeta Tangerina. O projecto era a criação de um álbum ilustrado (escrever um texto e ilustrá-lo). Não sabia muito bem o que escrever e decidi contar a história de uma vizinha (muito fofinha) que vivia no prédio ao lado do meu em França. Foi uma pessoa que me tocou bastante e achei que era uma boa homenagem (ela tinha Alzheimer e infelizmente é uma doença com a qual sempre vivi muito de perto). Claro que não consegui acabar o livro no workshop e foi ficando na gaveta. Uns anos mais tarde decidi acabá-lo e auto-publicá-lo (com tudo o que está implícito num trabalho de auto-publicação: imprimir, ordenar, agrafar, cortar, apagar, numerar, assinar, embalar, distribuir,…..) Foi um processo um pouco demorado mas no final fiquei muito feliz quando o vi na rua em várias estantes. E quando percebi que estava praticamente esgotado, ainda mais :)

Existe algum tipo de projeto que gostasses muito de desenvolver em breve que ainda não tenhas tido oportunidade?

Ui, tantos! Tenho listas e listas de coisas que (ainda) vou fazer! Mas o tempo não estica (o que não é fixe).

Com que hobbies ocupas o teu tempo?

Nesta vida de freelancer o tempo livre não é muito mas gosto muito de passear sem destino no Porto, de estar com pessoas que me enchem o coração, fotografar, entrar em livrarias e papelarias, viajar, cinema…

Que livro andaria sempre contigo?

Esta é difícil, mas talvez o Principezinho para me lembrar sempre das coisas essenciais da vida.

Que filme verias vezes sem conta?

Mais uma pergunta difícil! Aqui há uns tempos tive de escolher um filme para ilustrar para a exposição da Ó! Galeria e escolhi o Chungking Express do Wong Kar-Way! Há muitos, adoro cinema! Mas qualquer filme do Godard, Wong Kar-Way, Sofia Coppola, Wes Anderson, Teresa Villaverde, Michel Gondry,…

Numa palavra como definirias o trabalho de um ilustrador?

Só uma? Só pode ser: Iluminar!

Aproveitem para conhecer mais do trabalho da Bárbara no behance, instagram, facebook e na loja online 😊