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Espaço Compasso #3


Guest Post com: Miguel Cruz

Novembro passou muito rápido. Demasiado. Não tarda estamos no Natal e eu ainda nem comecei a sentir a sua aproximação. Durante a primeira metade do mês de Dezembro vou dedicar-me a entrar no espírito natalício e fazer-vos acompanhar-me com um Espaço Compasso especial de Natal.

Cá dentro:

Entretanto, há novidades! Não foram muitas as que me chegaram neste mês de bastante trabalho, mas foram as suficientes para conseguir compôr o textinho mensal que a música portuguesa bem merece. Começo pelos Clã. Essa banda já clássica que se formou no ano em que nasci, 1992, e que ainda tem uma gigantesca energia que contagia quem os acompanha. Chegaram ao grande público em 1997 com a fascinante canção Problema de Expressão, uma mensagem de amor de alguém que não consegue comunicar o que realmente sente, devido aos embaraços que o amor nos causa de tantas formas diferentes. Foram sempre crescendo e explorando novos estilos e sonoridades até chegar a 2017, o ano em que produziram um musical de nome . E é aqui que está novidade: um álbum que compila as falas e as músicas do musical e do qual já podemos ouvir a canção Super Superstição. Uma canção com todos os indícios de azar possíveis e repleta de amuletos da sorte para os combater. A sonoridade é fiel a todos os trabalhos dos Clã, no entanto, nota-se bem a componente teatral típica de um musical, o que dá um toque interessante e novo a este trabalho.



Sigo para o Manel Cruz, um artista completíssimo que ganhou notoriedade nos célebres Ornatos Violeta, banda formada em 1991 e extinta em 2002, depois do lançamento de dois estrondosos álbuns que despontaram um vertiginoso sucesso que não conseguiram aguentar. Sucesso com muita razão, pois são dois trabalhos cheios de excelentes composições para maravilhosos jogos de palavras que definem a já conhecida lírica do Manel Cruz. Entretanto, migrou com o Peixe para os Pluto, levando as sonoridades mais obscuras dos Ornatos Violeta e lançando um álbum em 2004 de nome Bom Dia. Ao mesmo tempo, criou os Supernada, também com o Ruca dos Pluto, explorando aqui sonoridades mais estranhas, puxadas pela lírica mais abstracta do Manel Cruz. Mais tarde, em 2008, sentiu a necessidade de criar um projecto a solo ao qual chamou de Foge Foge Bandido, com apenas um álbum lançado. Finalmente, em 2017, lança-se em nome próprio com canções da sua autoria, num registo mais parecido com o que explorava no projecto Foge Foge Bandido, com sonoridades e ritmos pouco comuns. Em Julho deste ano lançou a Ainda Não Acabei, uma pequena canção animada que fala sobre um recomeço de alguém após uma vida cruel e confusa, ou sobre a aceitação dessa mesma vida com uma postura mais optimista. Este mês, reapareceu com a Beija-Flor, uma canção mais melancólica e menos optimista do que a anterior, cuja letra talvez nos transmita a confusão de quem a escreve, num momento de reflexão sobre a sua vida e o que nela perdeu. O vídeo é mais um maravilhoso trabalho do André Tentugal, fundador dos We Trust, mas realizador e fotógrafo de muitos dos vídeos de outros artistas e bandas que por aí andam a circular. Basta estar atento.



Este mês descobri uma banda que me encheu na primeira audição. Os não simão foram-me apresentados pelo programa Santos da Casa da Rádio Universidade de Coimbra, apresentado pelo Fausto da Silva e que me dá a conhecer tudo o que é novo nosso pequeno mas talentoso país. Foi a Numitércia que ouvi primeiro. É uma canção sobre uma velha personagem chamada Numitércia que habita numa típica aldeia e que ficou doente antes de poder explicar a razão pela qual nunca falava, apesar de não ser muda. A certa altura dá a ideia que a aldeia grita o seu nome para que ela fale, “já que a razão para voltar a falar era mais que evidente”, mas já era tarde. É uma canção enigmática, cheia de força e belíssimas melodias. Guardei esta banda para acompanhar o seu percurso e acho que deviam fazer o mesmo.



Lá fora:

Foi um bom mês lá fora.
Acho que posso começar pelos alt-J, que penso que já são bem conhecidos de todos. Este último álbum por eles lançado está bastante diferente dos anteriores, com mais exploração das sonoridades instrumentais. A qualidade, no entanto, é sempre excelente. Este mês brindaram-nos com mais um magnífico vídeo a juntar aos outros anteriores, desta vez para a canção Pleader, que é a canção que encerra o álbum. As interpretações podem ser muito variadas, por isso, não vou influenciar com a minha.



Ainda na onda dos belíssimos instrumentais, descobri uma banda instrumental que lançou no final do mês passado uma magnífica canção que tenho ouvido em loop sem me cansar. Trata-se dos Mammal Hands, compostos por um piano, um saxofone e uma bateria. Apenas três instrumentos numa perfeita harmonia. Acho que só ouvindo do início ao fim é que vão perceber do que falo.



Quem é que daqui não gosta de música espanhola? Pois, eu também achava que não, no entanto, como em tudo, há música espanhola e música espanhola. E os Vetusta Morla provam que a música espanhola não é só Enrique Iglesias, tal como a música portuguesa não é só Tony Carreira. Lançaram este mês o novo álbum, mais uma vez com boas letras em melodias de rock alternativo. Sugiro que ouçam o seu primeiro álbum Un día en el mundo, lançado em 2008, para se inteirarem do seu estilo antes de ouvirem este álbum. É só a minha sugestão, mas podem ignorá-la, porque é provável que gostem na mesma.



Há uma canção que não me sai da cabeça há dias e acho que 70% da culpa disso é do vídeo. Nina Fernandes, uma bonita jovem brasileira que lançou Cruel no final do mês passado e já conta com quase meio milhão de visualizações no YouTube. A canção faz parte do seu homónimo EP de estreia. O vídeo é todo realizado num estilo surrealista que dá gozo ver à medida que se ouve as belíssimas melodias da sua voz com o piano.



Este mês é isto que tenho para partilhar convosco. Mas há mais, porque o Espaço Compasso termina sempre com uma playlist que compila as novidades de cada mês. Fiquem por aí e vejo-vos no próximo mês!

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