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A Grande Magia


Chegou a Portugal em 2016, é um livro de não ficção e não o consigo categorizar como sendo um livro de autoajuda pelo simples facto de ter uma grande componente autobiográfica. Prefiro chamar-lhe uma obra de desenvolvimento pessoal por ser, para mim, uma categoria mais abrangente, mas também porque este é um livro encarado como tal pela própria Elizabeth (mais à frente irão perceber porquê).

Já tinha ouvido falar bastante deste livro. Várias pessoas têm-no mencionado como uma boa leitura para quem trabalha em áreas mais criativas e que querem dar um passo mais empreendedor e diferente do habitual nas suas vidas ou que simplesmente têm curiosidade em saber como encarar certas situações de outra forma.

É dividido em partes, Coragem, Encantamento, Permissão, Confiança e Divindade e dentro delas podemos encontrar partes mais pequeninas com títulos que acabam por servir de fio condutor.
   
Começando pelo início…
      
A Grande Magia, surge após o maior sucesso de vendas de Elizabeth até agora Comer, Orar, Amar. Como devem imaginar, depois de algo tão “grandioso” deparou-se com várias situações que a incomodaram, incluindo algumas atitudes condescendentes de pessoas que se mostravam preocupadas com o futuro e com a possibilidade de nunca mais ter um sucesso tão grande como aquele. 

Nessa altura, foi-lhe imposto um dilema: devia preocupar-se em produzir algo tão bom para os outros novamente ou devia desistir e ficar com uma imagem perpetuada no tempo de alguém que escreveu dos livros mais vendidos no mundo inteiro? A resposta foi… Nenhuma das anteriores! Continuou a trabalhar, a produzir e a criar como sempre fez. Nas suas entrevistas é possível notar que, para si, o fracasso e o sucesso caminham lado a lado. O medo pode e deve existir, mas de forma moderada e controlada, e nunca deve ser uma condicionante para que algo aconteça ou para que algo deixe de acontecer. A criatividade vai sempre provocar o nosso medo e colocá-lo à prova.

Elizabeth foi muitas vezes questionada sobre como arriscar, como tirar projetos e ideias fora da caixa e este livro nasce também dessa necessidade de exteriorizar e oficializar através da escrita aquilo que era a sua opinião e as suas convicções.

    
A Grande Magia
     
Durante a leitura não sentimos que o livro foi escrito para nós o tempo todo, o que é ótimo. E com isto não quero dizer que a autora está a falar sozinha ou só para si, até porque muitas vezes sentimos que estamos numa conversa com ela. Mas, tal como podemos ler nas suas páginas, não devemos esperar uma aprovação de alguém para fazer o que mais gostamos e isso foi posto em prática aqui mesmo. Sentimos que a autora estava realmente a escrever algo com que se identificava, segura de que era um livro para si e que isso lhe trazia felicidade e também a oportunidade de registar a sua forma de lidar com a criatividade e a loucura que muitas vezes é o processo criativo. É por isso que ele acaba por ser um livro de desenvolvimento pessoal para nós e para a autora.
   
O que encontramos no livro
     
A autora fala-nos da sua visão sobre o que é a criatividade e a inspiração e como se relacionam entre si e com as pessoas. Apresenta-nos estas duas como algo exterior a nós, algo que devemos estar predispostos a receber, dizendo-lhes que sim mais vezes.
Sim, a forma como descreve tudo isto faz com que pareça uma grande magia com que temos de lidar diariamente e certamente muitas pessoas não encontram lógica nestes conceitos. Pessoalmente não encarei tudo o que está escrito no livro de forma literal, mas sim como mecanismos criativos encontrados pela autora para mostrar como é possível encontrar tranquilidade e confiança numa vida criativa.

A ideia de que as próprias ideias vagueiam por aí em busca de alguém trabalhador e recetivo a abraçá-la ou de que todos nós temos um génio exterior a inspirar-nos a produzir algo melhor são premissas que de certa forma nos podem ajudar a encontrar uma forma pacífica de encarar a frustração dos momentos mais difíceis sem que nos sintamos culpados de todo o mal do mundo.

A originalidade e autenticidade são palavras que cada vez ouvimos mais falar. Toda a gente, todas as marcas, todas as empresas desejam ser originais. Produzir algo nunca antes visto pode ser um objetivo tentador, mas será que é possível? Possivelmente não. O que distingue duas ideias semelhantes tidas por duas pessoas que nunca tiveram qualquer contacto uma com a outra será, muito provavelmente, a sua interpretação pessoal, a sua autenticidade na exploração daquela ideia. É praticamente garantido que tudo já foi feito, mas ainda não foi feito por nós e isso pode fazer toda a diferença.


No livro também são desmistificados alguns mitos como, por exemplo, de que todos os artistas têm de ter algum parafuso a menos para criar. É comum nalguns contextos existir uma persona com comportamentos exagerados, mas também é saudável que exista um botão para ligar de desligar. Muitas pessoas ainda consideram que para se escreverem grandes histórias, se pintarem grandes quadros ou se comporem grandes canções é preciso sofrimento, angústia e muito desespero, como se fosse preciso provar que a sua criação é real quando na verdade não é (ou não é necessário que seja mesmo assim).

A necessidade de colocar pressão nos projetos criativos como forma de subsistência é também abordada. Durante o seu percurso, até ao bestseller Comer, Orar e Amar, raros (senão inexistentes) foram os momentos em que a escritora submeteu a sua criatividade e os trabalhos que derivavam dela a serem tudo aquilo que precisava para pagar as contas. Ela conta que quando fez a promessa a si própria de que seria uma escritora, com tudo o que de bom e mau isso implica, nunca exigiu que isso fosse a sua fonte de rendimento.

E os bloqueios criativos, perguntam vocês… o medo das rejeições e das possíveis perdas, de não termos o direito de algo, de não nos sentirmos merecedores e o perfecionismo que mata um projeto antes de nascer (ou que impede que ele seja terminado). Também aparecem no livro em vários momentos e a autora não os deixa descalços. Apresenta relatos da sua própria história e de outras figuras importantes para si, as decisões que tomaram e quais as vantagens e desvantagens de seguir um determinado caminho. 

E quando deixar de fazer sentido? Elizabeth aconselha a escolherem o vosso melhor ponto de partida e usarem a curiosidade como ferramenta para lançarem os vosso dados e jogar este jogo da criatividade. 



Digam nos comentários se já leram este livro ou estão com vontade de o ler em breve. Conhecem outros livros deste género? Deixem também as vossas sugestões!


Editora: Objectiva
Nº de páginas: 288

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